No “episódio anterior” sobre a história dos modelos fabricados pela Alpine, falamos sobre como a marca acabou condenada à irrelevância e até ao desaparecimento após o fracasso comercial do Alpine A610 durante a primeira metade da década de noventa. Felizmente, o passar do tempo demonstrou-nos que aquele “fecho” não foi um final definitivo, mas sim um parênteses de duas décadas em que a Renault se esqueceu da Alpine. Felizmente, e acompanhado por uma febre ligada à “ressurreição do retro” tanto em marcas de carros de rua como no mundo da competição, o Grupo Renault decidiu ressuscitar a marca Alpine em 2016, criando a partir do ano seguinte um novo Alpine A110. Este carro seria uma versão moderna do clássico A110 dos anos 60 e 70, representando simbolicamente um reset da marca. Hoje, vamos falar do A110 de 2017, especificações e todas as suas versões especiais, que não são poucas.
Uma “segunda geração” com várias décadas de distância
O Alpine A110 original foi descontinuado em 1978, o seu sucessor foi o A310, mas, tecnicamente, nunca se produziu uma segunda geração durante o primeiro ciclo de vida da marca Alpine. Com a ressurreição de 2016, decidiram dar vida a um novo Alpine A110. A ideia baseou-se em retornar e atualizar um clássico com os padrões estéticos e de equipamento de conforto e segurança do século XXI, como acontece nos filmes quando se faz um remake ou reinício de uma franquia icónica, mas com histórias e atores diferentes.
O Alpine A110 de 2017 foi apresentado oficialmente durante o Salão Automóvel de Genebra desse ano. Tal como o clássico, tratava-se de um desportivo coupé de dois lugares e duas portas, com motor central-traseiro e tração traseira. Por ser compacto e leve, com apenas 1.080 kg, conservou a essência do seu modelo original, a agilidade. Ou seja, não importa se não possui um motor potente, desde que tenha pouco peso e possa manobrar com facilidade.
Dados técnicos
No mercado automóvel do momento, poderíamos catalogá-lo como um desportivo compacto. Um carro que rivalizava com o Alfa Romeo 4C, Audi TT, Porsche Cayman ou Lotus Exige. Tem um motor de quatro cilindros de 1.798 cc (1,8 L) com uma potência máxima de 252 CV a 6000 rpm e um binário máximo de 320 Nm a 2.000 rpm. Combina uma caixa de velocidades de dupla embraiagem fornecida pela Getrag de sete velocidades. O consumo é de 6,2 L por cada 100 km.
A sua relação peso-potência permite-lhe atingir uma velocidade máxima de 250 km/h, com uma aceleração de 0 a 100 km/h em 4,5 segundos. É fabricado na fábrica de Dieppe, França, local original de fundação da Alpine e a sua atual sede central.
Versões especiais
É muito curioso que, no pouco tempo em que o A110 moderno está a ser produzido (de 2017 até ao presente), tenham sido lançadas tantas edições especiais. Temos, por exemplo, a Première Édition, limitada a 1955 unidades. Um número que não é casual, já que 1955 foi o ano da fundação da Alpine por Jean Rédelé.
Em 2018, a Alpine apresentou outras duas edições especiais: o Pure e o Légende. O Pure, de cor branca, tem um toque minimalista em que a prioridade é manter o peso sob controlo para alcançar assim uma experiência de condução mais pura.
O Légende equipa assentos Sabelt com regulação elétrica e um interior estofado em couro com detalhes de fibra de carbono. As tonalidades de cores eram Preto e Azul. Também temos o Alpine A110S e o Color Edition, este último era um modelo de edição limitada (apenas 110 unidades) baseado no A110S, e que abre uma paleta de até 29 cores de pintura diferentes, sendo algumas dessas cores exclusivas desta variante. Em desempenho, é também a versão de rua mais potente do atual A110, atingindo os 292 CV de potência.
Por último, temos uma versão de competição batizada como Alpine A110 Cup, uma variante pensada para competir em campeonatos monomarca organizados pelo fabricante francês, a Alpine Europa Cup. Este modelo foi criado em colaboração com a Signatech, os responsáveis pelo programa de Resistência da Alpine.
Em suma, o novo Alpine A110, cujo ciclo de vida ainda está em vigor, é uma prova viva de como se deve ressuscitar, não só um modelo clássico, mas também toda uma marca. Após o lançamento deste modelo, vieram outros como o A290, lançado no ano passado, ou o A390, que será lançado em 2025, o que demonstra que o Grupo Renault continua a apostar de forma séria e firme na produção de veículos com este nome histórico.
